domingo, 2 de outubro de 2011

Lixo Extraordinário

   Um documentário produzido pelo artista plástico Vik Muniz com no maior aterro sanitário do mundo, o Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Com seu trabalho artístico Vik modificou a trajetória de alguns trabalhadores daquela região mostrando a diferença entre o lixo e o material reciclável.
   Esta produção nos faz repensar todas as nossas idéias, desconstruindo paradigmas e lançando novas luzes sobreos mais variados temas entre: política, economia, sociedade, emprego, Arte etc.
   Maravilhoso! Uma aula de cidadania.
   Cada ser humano ali possui uma história, um sonho, um futuro. A beleza do documentário está na construção da identidade, em enxergar o outro como um ser múltiplo em seus variados aspectos e suas potencialidades.


Pobre identidade


Eu me pergunto
pela tal dignidade,
por esta comunidade,
tão sofrida e “tão normal”.

Vivendo à margem
de toda sociedade,
esquecida, sem vontade,
“Lixo substancial”

Foi da beleza,
lá do pobre da favela,
dos seus guetos e vielas
emergiu fenomenal.

Alma do samba,
grito identidade,
proclamando a liberdade
neste mundo desigual.

Não é vergonha ser pobre,
é a minha identidade,
sou pária da sociedade
Mas de alma altaneira.

Carrego no peito humilde,
O lema da minha bandeira:
Não nego a minha raiz
Nem a alma brasileira.

Com todo o meu sentimento,
ecoa meu grito que dor:
desigualdade! O que falta é amor.

(Christian C. de Araujo).

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Quando a Justiça Falece

Quando a justiça falece
 
Quero aqui me remeter à época da realização do Fórum Social Mundial de 2002, quando foi lido um texto do renomado escritor José Saramago, que continha mais ou menos o seguinte teor: um camponês de Florença, vendo-se lesado impiedosamente em seu pequeno quinhão, por um aviltante marquês ou Conde, (sei lá, estamos falando do século XVI), sobe ao campanário e toca, em marcha fúnebre, o sino da matriz, para alertar à população que alguém havia morrido. E desta vez não se tratava de uma pessoa, mas, sim, da Justiça.
 
Desde então, há quatrocentos anos, a Justiça brasileira vem morrendo a cada dia, e agora acaba de falecer em Minas Gerais. Façamos, com tristeza, o funeral e enterremo-la com os rostos desfalecidos, pois, perdemos, mais uma vez, aquilo que havia (ou pensávamos haver) de mais correto, justo e transparente; e que sempre esteve a serviço do bem comum. 
 
O que vemos, no entanto, é a classe trabalhadora mineira ter no seu governo, um inimigo que usurpa um direito constituído. Essa é a prova cabal de que a Suprema Corte de Justiça, formada por juízes e tribunais de reputação ilibada, para defender os direitos da pessoa humana, garantidos, há mais de cinqüenta anos, através da Declaração Universal dos Direitos Humanos, está morta. Refiro-me, aqui, aos direitos básicos essenciais de que, hoje, raramente se fala.
 
Talvez pudessem questionar sobre o que Minas tem a dizer ao mundo, quando a apenas mil dias do evento mundial que sacode o planeta num investimento bilionário, faz exatamente cem dias que milhares de crianças mineiras estão fora da escola. Esta é uma das greves mais longas da história da educação em Minas. 
 
Sabe-se que o poderio econômico, fortalecido por grandes empresas, inclusive as multinacionais, sucumbem o mercado, fazendo com que, numa visão globalizada, o eixo monumental se sustentação do estado tenha como objetivo maior a arrecadação e lucro acima de qualquer coisa.
 
Tal visão capitalista aniquila as camadas mais pobres da sociedade e, cabe aqui colocar com exatidão, os gastos com Educação Pública. Com a subserviência palaciana da justiça, fica o governo livre para legislar a seu favor e dos grupos econômicos de seu interesse. Vale lembrar que, a partir daí, cabem todas as formas de ameaça imperialista aos educadores que clamam por seu direito mais sagrado: o de ter comida. E, como diriam os Titãs, a gente precisa, além da comida, de felicidade, e a queremos por inteiro, (este é um direito comum, inerente a todo ser humano).
 
Penso que tal Democracia, criada por atenienses milenares, e consagrada como um governo do povo, pelo povo e para o povo, tenha sido apenas uma utopia. Porém, a todos é dado o direito de sonhar, pois, são eles, os sonhos, que movem a vida e fazem-na mais leve. Permitem ainda que pessoas tenham ideais pelos quais são capazes de lutar até as últimas conseqüências, mesmo que muitos se sintam enfraquecidos, amedrontados e incapazes de resistir. E, para estes, Drummond certamente diria que só os fortes serão capazes de remover a pedra que bloqueia o túmulo da justiça, para fazê-la ressuscitar e cumprir as exigências legais. 
 
Fica evidente que, dos muitos direitos garantidos através da tal democracia, restou-nos apenas o voto secreto e livre, para mascarar um sistema demagógico e individualista. Um modelo econômico que fecha os olhos para as catastróficas ameaças à dignidade humana e fere a aspiração maior, a conquista daquilo que se considera primordial: a vida. E vale ressaltar, vida com dignidade. 
 
Hoje, tudo se discute no planeta, mobilidade urbana e sustentabilidade, buraco na camada de ozônio e possibilidade de vida em outro planeta. No entanto, nenhuma discussão sobre democracia como um direito inalienável do ser humano é levantada. E ficamos aí, na mísera esperança de que os poderes legalmente constituídos o façam para a satisfação plena e cidadã.
 
E assim, ferindo a ferro e fogo, os poderosos vão varrendo do planeta tudo o que representa ameaça aos seus quinhões. Vão formando grandes latifúndios que dividem entre seus iguais, feito deuses, loucos, insaciáveis, fazendo-se de surdos diante dos protestos das massas massificadas, violentadas, farrapos humanos sob seu domínio voraz.
 
Teria ainda muito a dizer, não poderia me calar, não fosse a certeza de que tenho um sindicalismo fraco aos olhos da sociedade, mas extremamente forte diante do poder opressor. Que não se rende jamais. Que tenta, exaustivamente, despertar as massas adormecidas para fazer ressuscitar a justiça, desfazer os blocos detentores do poder e tomar as rédeas na condução deste estado de injustiças.
 
Por fim, poderia dizer que a greve deflagrada em Minas, há mais de cem dias, se tornaria um caso de polícia, mas, lamento pela polícia que hoje está órfã de justiça. Daquela justiça, companheira dos homens e única condição humana para a felicidade. 
 
Quem sabe se, de repente, os sinos do camponês de Florença voltem a soar, desta vez, não em marcha fúnebre, mas para aclamar a ressurreição da justiça mineira. E aqui, é bom lembrar um ditado popular: " A justiça tarda, mas não falha". Caso isso aconteça, ouçamo-lo, com reverência.

Dalva Dias Magalhães
Professora de Língua Portuguesa
Barbacena MG

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A violência urbana e a Exclusão dos jovens.

A temática da violência e juventude tem ganhado notoriedade nos últimos anos por diversas áreas acadêmicas.

Três aspectos não são valorizados nos estudos sobre representação da violência: a violência contra jovens e sua impunidade; a vida urbana como elemento de exclusão e a mídia como propagadora de preconceitos e estigmas contra as classes mais pobres.

Nada é mais passível do que o papel em branco, sem vontade.
Tudo aceita sem pestanejar, promessas vazias, obrigações, leis, projetos...
A base da democracia vigente, está na contraparte do "contrato social" firmado entre a pessoa e a sociedade, ou seja, na parte da percela de liberdade doado ao Estado em forma de contrato para o bem comum. O judiciário que representa uma parte da tripartição dos poderes e talvez a mais forte dos Três poderes e a mais corrupta, tendenciosa e cega.

Apesar de o Brasil possuir um dos melhores “Estatuto da Criança e do Adolescente”, a lei não determinou que um dos direitos básico para a propagação da cidadania, a educação, deixasse de ser excluída permanentemente daqueles que se viam obrigados a trabalharem em auxílio de sua família, principalmente as crianças e jovens que tem seus direitos ignorados pelas autoridades competentes.
É portanto, mais fácil rotular e criminalizar os jovens e adolescentes moradores das periferias, generalizando os moradores desses locais pobres, como produtores da violência e "corruptores" da ordem pública do que solucionar as questões.
 
A comunicação promovida pela mídia (órgãos de comunicação de massa), tem assumido crescente relevância na construção da consciência ou (inconsciência?) dos indivíduos, o que torna importante a  sua postura na veiculação da violência, dos problemas sociais, econômicos e etc. 

Sua influência é exercida pela exposição de cenas de violência, propagandas que promovem o consumismo e programas que valorizam padrões de vida de nível sócio-econômico elevado, subtraindo muitas vezes uma contrapartida importante tanto da sua formação quanto dos reflexos causados por estas relações.

Desta forma, mídia transforma a massa em multidão e quando as massas se misturam, não parecem ter racionalidade em seus objetivos. Pois não existe a compreensão dos indivíduos.
 
A revista CartaCapital (nº 71, dezembro de 2005) trouxe uma excelente reportagem chamada "De Bonner para Homer". Ela dá pistas sobre os mecanismos que o mais assistido telejornal do país utiliza. Entre eles, explicar para esconder e transformar o negativo em positivo.

A matéria foi escrita pelo sociólogo, jornalista e professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, Laurindo Lalo Leal Filho. Relata a visita de um grupo de professores da USP a uma reunião de pauta do Jornal Nacional, em 23 de novembro. A reunião foi coordenada por William Bonner, que além de ser o apresentador do programa, também é seu editor-chefe.
Durante a reunião, Bonner diz que uma pesquisa realizada pela Globo identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Seria um sujeito preguiçoso, burro e que adora ficar no sofá, assistindo TV, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. Ou seja, alguém parecido com Homer, o famoso personagem da série Os Simpsons.



DE BONNER PARA HOMER

DE BONNER PARA HOMER
por Laurindo Lalo Leal Filho*
O editor-chefe considera o obtuso pai dos Simpsons como o espectador padrão do Jornal Nacional
Ele é preguiçoso, burro e passa o tempo no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja
Na reunião matinal, é Bonner quem decide o que vai ou não para o ar Pauta.
A decisão do juiz Livingsthon Machado, de soltar presos, é considerada coisa de  louco
Perplexidade no ar. Um grupo de professores da USP está reunido em torno da mesa onde o apresentador de tevê William Bonner realiza a reunião de pauta matutina do Jornal Nacional, na quarta-feira, 23 de novembro.
Alguns custam a acreditar no que vêem e ouvem. A escolha dos principais assuntos a serem transmitidos para milhões de pessoas em todo o Brasil, dali a algumas horas, é feita superficialmente, quase sem discussão.
Os professores estão lá a convite da Rede Globo para conhecer um pouco do funcionamento do Jornal Nacional e algumas das instalações da empresa no Rio de Janeiro. São nove, de diferentes faculdades e foram convidados por terem dado palestras num curso de telejornalismo promovido pela emissora juntamente com a Escola de Comunicações e Artes da USP. Chegaram ao Rio no meio da manhã e do Santos Dumont uma van os levou ao Jardim Botânico.
A conversa com o apresentador, que é também editor-chefe do jornal, começa um pouco antes da reunião de pauta, ainda de pé numa ante-sala bem suprida de doces, salgados, sucos e café. E sua primeira informação viria a se tornar referência para todas as conversas seguintes. Depois de um simpático  bom-dia , Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo. Na redação, foi apelidado de Homer Simpson. Trata-se do simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão em todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento.
A explicação inicial seria mais do que necessária. Daí para a frente o nome mais citado pelo editor-chefe do Jornal Nacional é o do senhor Simpson.  Essa o Homer não vai entender , diz Bonner, com convicção, antes de rifar uma reportagem que, segundo ele, o telespectador brasileiro médio não compreenderia.
Mal-estar entre alguns professores. Dada a linha condutora dos trabalhos  atender ao Homer  , passa-se à reunião para discutir a pauta do dia. Na cabeceira, o editor-chefe; nas laterais, alguns jornalistas responsáveis por determinadas editorias e pela produção do jornal; e na tela instalada numa das paredes, imagens das redações de Nova York, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, com os seus representantes. Outras cidades também suprem o JN de notícias (Pequim, Porto Alegre, Roma), mas elas não entram nessa conversa eletrônica. E, num círculo maior, ainda ao redor da mesa, os professores convidados. É a teleconferência diária, acompanhada de perto pelos visitantes.
Todos recebem, por escrito, uma breve descrição dos temas oferecidos pelas  praças  (cidades onde se produzem reportagens para o jornal) que são analisados pelo editor-chefe. Esse resumo é transmitido logo cedo para o Rio e depois, na reunião, cada editor tenta explicar e defender as ofertas, mas eles não vão muito além do que está no papel. Ninguém contraria o chefe.
A primeira reportagem oferecida pela  praça  de Nova York trata da venda de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da  oferta  jornalística informa que a empresa venezuelana,  que tem 14 mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível  para serem  vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano . Uma notícia de impacto social e político.
O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente.
Na seqüência, entre uma imitação do presidente Lula e da fala de um argentino, passa a defender com grande empolgação uma matéria oferecida pela  praça  de Belo Horizonte. Em Contagem, um juiz estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. A argumentação do editor-chefe é sobre o perigo de criminosos voltarem às ruas.  Esse juiz é um louco , chega a dizer, indignado. Nenhuma palavra sobre os motivos que levaram o magistrado a tomar essa medida e, muito menos, sobre a situação dos presídios no Brasil. A defesa da matéria é em cima do medo, sentimento que se espalha pelo País e rende preciosos pontos de audiência.
Sobre a greve dos peritos do INSS, que completava um mês  matéria oferecida por São Paulo  , o comentário gira em torno dos prejuízos causados ao órgão.  Quantos segurados já poderiam ter voltado ao trabalho e, sem perícia, continuam onerando o INSS , ouve-se. E sobre os grevistas? Nada.
De Brasília é oferecida uma reportagem sobre  a importância do superávit fiscal para reduzir a dívida pública . Um dos visitantes, o professor Gilson Schwartz, observou como a argumentação da proponente obedecia aos cânones econômicos ortodoxos e ressaltou a falta de visões alternativas no noticiário global.
Encerrada a reunião segue-se um tour pelas áreas técnica e jornalística, com a inevitável parada em torno da bancada onde o editor-chefe senta-se diariamente ao lado da esposa para falar ao Brasil. A visita inclui a passagem diante da tela do computador em que os índices de audiência chegam em tempo real. Líder eterna, a Globo pela manhã é assediada pelo Chaves mexicano, transmitido pelo SBT. Pelo menos é o que dizem os números do Ibope.
E no almoço, antes da sobremesa, chega o espelho do Jornal Nacional daquela noite (no jargão, espelho é a previsão das reportagens a serem transmitidas, relacionadas pela ordem de entrada e com a respectiva duração). Nenhuma grande novidade. A matéria dos presos libertados pelo juiz de Contagem abriria o jornal. E o óleo barato do Chávez venezuelano foi para o limbo.
Diante de saborosas tortas e antes de seguirem para o Projac  o centro de produções de novelas, seriados e programas de auditório da Globo em Jacarepaguá  os professores continuam ouvindo inúmeras referências ao Homer. A mesa é comprida e em torno dela notam-se alguns olhares constrangidos.
* Sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Zeitgeist: Moving Forward





SINOPSE:
Zeitgeist: Moving Forward, do director Peter Joseph, é uma longa-metragem em forma de documentário que visa a defesa da necessidade de uma transição para sair do atual paradigma sócio-econômico monetário que rege as sociedades do mundo inteiro. Este trabalho vai além do relativismo cultural e da ideologia tradicional e aborda os atributos empiricamente basilares da sobrevivência humana e social, extrapolando as leis naturais imutáveis para um novo paradigma de sustentabilidade social designado "Economia Baseada em Recursos". O filme conta com especialistas nas áreas da saúde pública, antropologia, neurobiologia, economia, energia, tecnologia, ciências sociais e outros assuntos relevantes que dizem respeito à cultura e ao funcionamento social. Os três temas centrais deste trabalho são Comportamento Humano, Economia Monetária e Ciências Aplicadas. Resumidamente, este trabalho cria um modelo de compreensão do atual paradigma social e do motivo pelo qual é fundamental sair do mesmo - juntamente com uma nova abordagem social, que apesar de radical, é ainda assim, prática. Abordagem esta que é baseada em conhecimento avançado e resolveria os actuais problemas sociais que afligem o mundo. Uma das características únicas deste trabalho, que o distingue em termos de estilo da maioria dos documentários, é que tem uma temática dramática/cinematográfica paralela, com actores notáveis, que interpretam várias emoções e gestos relacionados com a mensagem geral do filme, ainda que de forma abstracta. Adicionalmente, este trabalho emprega vigorosamente inúmeros resumos visuais e animações 2d e 3d, mantendo como referência a orientação do documentário tradicional.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Corações e Mentes

Uma poesia de minha autoria, para deleite de alguns e críticas de outros. Análise similar à leitura proposta do texto: Mello, Silva Leser. A violência urbana e a exclusão social do jovens. in: SAWAIA, Bader. As artimanhas da exclusão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

Inicialmente composta como uma letra de música para uma banda de rock de Nova Friburgo, examina através da crítica social O caso de um jovem da pereferia do Rio de Janeiro, que aguardava a condução de madrugada para voltar ao lar e foi espancado por um grupo de "Pitboys" na zona sul. A violência, o descaso público com estes fatos até então designados como "fatos isolados", mas tão corriqueiros no nosso cotidiano e seus desdobramentos renderam estes humildes versos que apresento.



Corações e Mentes

O dia nasceu e uma mãe chora lágrimas de dor,
Com seu coração pesado em nuvens de terror,
Pelo seu filho que se foi e não vai mais voltar
Se ele era apenas um pobre trabalhador ninguém saberá.

Não! Não saiu nas primeiras páginas de jornais...
Este caso não é novidade aqui na cidade,
Este caso não tocou os corações nacionais,
Não houve sequer mais lamentos da sociedade...

Num imaginário vigiado de corações e mentes dominados
Não há sequer tempo para se pensar...
Tudo é tão normal, tão normal...

Corações e mentes indecentes
Já não sabem pensar numa solução
Que ao menos possa amenizar
As lágrimas de um simples coração

A fraqueza se encontra na alma daquele que é incapaz de amar,
Privilégio dos fortes que se identificam com a dor alheia,
Mas não há a quem perdoar...ninguém viu...
Fora ele mais um cadáver-civil nas estatísticas deste Brasil.

(Christian Corrêa de Araujo)

Obsolescência Programada


O documentário, realizado por Cosima Dannoritzer e co-produzido pela Televisão Espanhola, é o resultado de três anos de investigação, faz uso de imagens de arquivo pouco conhecidas; junta provas documentais e mostra as desastrosas consequências para o meio ambiente que derivam desta prática. Também apresenta diversos exemplos do espírito de resistência que está a crescer entre os consumidores e recolhe a análise e a opinião de economistas, desenhadores e intelectuais que propõem vias alternativas para salvar economia e meio ambiente